O Mundo Perdido - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 117 / 286

Admito, no entanto, de boa vontade que poderão existir um ou mais sítios por onde um bom alpinista se possa meter para atingir o cume mas por onde seria impossível a um animal pesado e corpulento descer. Afirmo que num ponto a ascensão é possível.

- E como o sabe, senhor? - perguntou abruptamente Summerlee.

- Porque o meu predecessor, o americano Maple White, já realizou essa ascensão. De outro modo, como teria ele visto o monstro que desenhou no seu álbum de esboços?

- Aí está a raciocinar sem ter em conta factos provados respondeu Summerlee, o cabeçudo. - Admito o seu planalto, porque o vi. Mas até aqui não posso garantir que ele contém as formas de vida a que se referiu.

- O que o senhor admite ou não admite é, realmente, de uma importância minúscula. Sinto-me feliz por verificar que o próprio planalto se impôs, na verdade, à sua percepção...

Voltou a cabeça para o planalto e de imediato, para nosso pasmo, saltou do rochedo, agarrou Summerlee pelo pescoço e forçou-o a olhar para o ar.

- Vamos, senhor! - gritou com uma voz embargada pela emoção. - Terei ainda de ajudá-lo a compreender que este planalto contém vida animal?

Disse que uma espessa orla de verdura dominava numa saliência o bordo do escarpamento. Ora desta franja tinha emergido um objecto negro e reluzente. Como avançava lentamente mergulhado por cima do abismo, vimos à vontade que se tratava de uma serpente muito grossa com uma cabeça chata em forma de lagarta. Ondulou e sacudiu os anéis por cima de nós durante um minuto; o Sol brilhava sobre o seu invólucro liso. Depois recolheu-se para o interior e desapareceu.

Summerlee ficara de tal modo cativado com a aparição que nem opusera resistência quando Challenger virara a cabeça na direcção da serpente.





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