Mas não tardou a soltar-se do braço do colega para recuperar um pouco de dignidade.
- Sentir-me-ia feliz, Professor Challenger - disse ele - se arranjasse maneira de fazer as suas observações, intempestivas ou não, sem me agarrar pelo pescoço. A aparição de um piton de rocha muito vulgar nem sequer parece justificar tais liberdades!
- Mas, seja como for, a vida existe neste planalto! - replicou o colega triunfante. - E agora, que já demonstrei esta importante conclusão de forma tão evidente que ela salta à vista de todos, mesmo dos obtusos e dos malévolos, a minha opinião é que não podemos fazer nada melhor do que levantar o acampamento e partir para o oeste a fim de descobrirmos um acesso possível.
Na base do escarpamento o solo era pavimentado de rochedos e muito desigual; a nossa marcha foi, pois, lenta e penosa. De súbito, chegámos a algo que, no entanto, nos deu novo alento. Era o local de um antigo acampamento, onde jaziam várias latas de conserva de carne de Chicago, naturalmente vazias, uma garrafa com a etiqueta Brandy, um abre-latas partido e todas as espécies de vestígios de um viajante. Um jornal amarrotado, quase apodrecido, foi identificado como sendo um exemplar do Chicago Democrat, mas a data tinha desaparecido.
- Não é o meu jornal! - disse Challenger. - Este deve ser o de Maple White.
Quanto a Lorde John, observava com curiosidade um grande feto arborescente que abrigava sob a sua sombra o lugar do acampamento.
- Reparem nisto! -:- murmurou. - Acho que nos encontramos perante um poste indicador.
Tinha sido fixado na árvore um bocado de madeira, como uma flecha orientada para oeste.
- Exactamente um poste indicador! - disse Challenger. Porquê? Porque o nosso explorador, vendo-se metido numa caminhada aventurosa, quis deixar um sinal para que quem o seguisse pudesse descobrir o percurso que ele tomara. Avançando, daremos, talvez, com outras indicações.