O Mundo Perdido - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 131 / 286

Toda a planície do Brasil parecia alongar-se a nossos pés; estendia-se, imensa, para se fundir no horizonte numa bruma azul. Em primeiro plano encontrava-se a longa encosta que tínhamos subido semeada de rochedos, marcada por fetos arborescentes; mais longe, a meia distância, olhando por cima da crista em forma de botão do arção da sela, reconheci a massa verde dos bambus que tínhamos franqueado; a partir daí, a vegetação tornava-se mais densa e acabava por constituir uma floresta imensa que se desenvolvia até três mil quilómetros.

Regalava-me eu com este admirável panorama quando a pesada mão do Professor me pousou no ombro.

- Desse lado, meu jovem amigo - disse ele - vestigia nulla retrorsum. Nunca olhe para trás. Olhe constantemente o nosso objectivo glorioso.

Voltei-me: o planalto ficava exactamente ao nosso nível; a franja de moitas e as raras árvores que o cercavam estavam tão próximas que me custou a perceber como permaneciam inacessíveis. Por cálculo, doze metros nos separavam dele: doze metros tão inultrapassáveis como cinquenta quilómetros. Apoiei-me na árvore e debrucei-me por cima do abismo. Ao fundo avistei as pequenas silhuetas dos nossos criados que nos observavam. A parede era tão lisa como a que estava à nossa frente.

- Isto é realmente curioso! - pronunciou a voz seca do Professor Summerlee.

Estava a examinar com um vivo interesse o tronco da árvore que eu tinha abraçado para não cair. Esta casca sombria, estas folhinhas com nervuras foram-me subitamente familiares.





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