Em menos de uma hora o trabalho ficou pronto: houve um estalido formidável, a árvore balouçou para a frente, depois partiu-se do outro lado, enterrando os ramos elevados na erva verde do planalto. O tronco rebolou até à beira da nossa plataforma e, durante um ou dois segundos, julgámos que fosse escorregar para o abismo. Felizmente deteve-se a algumas dezenas de centímetros da berma: a nossa passarela para o desconhecido aguardava-nos.
Todos, sem dizer uma palavra, apertámos as mãos do Professor Challenger, que, em resposta, levantou o chapéu de palha e inclinou-se em frente de cada um de nós.
- Reivindico a honra - disse ele - de ser o primeiro a pôr o pé na terra desconhecida... Magnífica imagem que inspirará, sem dúvida, grandes pintores para a posteridade!
Acercava-se da passarela quando Lorde John o deteve, pondo-lhe uma mão no braço.
- Meu querido camarada - disse -, realmente não posso permitir isso!
- Não permitir isso? - repetiu Challenger espetando a barba para a frente.
- Quando se trata de ciência, sabe que o sigo cegamente, pois o senhor é homem de ciência. Mas agora é a sua vez de seguir-me, porque penetra na minha especialidade.
- Na sua especialidade, senhor?
- Todos exercemos um ofício: o meu é o de ser soldado. Ora nós preparamo-nos para invadir um país novo, que pode regurgitar de inimigos de toda a espécie. Aventurar-se às cegas provaria uma falta evidente de bom senso e de paciência: não é assim que entendo deverem ser conduzidas as operações.
A advertência era por demais razoável para ser desdenhada.
Challenger sacudiu a cabeça e os ombros pesados.