O Mundo Perdido - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 152 / 286

- Se por acaso sairmos vivos daqui - disse Lorde John -, terei de levar uma cabeça de iguanodonte. Senhor! Conheço a fauna completa da Somália e do Uganda, que ficaria verde de vergonha se visse este género de monstros! Não sei o que os meus amigos pensam, mas tenho a impressão que caminhamos sobre gelo muito fino que, a cada passo, pode estalar debaixo dos nossos pés...

Eu também sentia esta impressão de mistério e de perigo. Cada arvore parecia encobrir uma ameaça; quando erguíamos os olhos para a folhagem, apossava-se dos nossos corações um vago terror. Os monstruosos animais que tínhamos visto eram, por certo, uns brutos desastrados, inofensivos, que não fariam, de certeza, mal a ninguém, mas neste país das maravilhas não existiriam outros sobreviventes mais ferozes que apenas aguardavam, talvez, a ocasião de saírem dos tugúrios para nos saltarem em cima? Conhecia muito poucas coisas da vida pré-histórica, mas recordava-me de ter lido um livro descrevendo animais que se refastelavam com leões e tigres como um gato se refastela com ratos. Que se passaria, então se monstros destes habitassem ainda nos bosques da Terra de Maple White?

O destino tinha decidido que nessa manhã a primeira manhã, naquela terra virgem, ficaríamos informados acerca dos perigos extraordinários que nos cercavam. Foi uma aventura repugnante, uma daquelas que se detesta reviver na memória. Se, como afirmara Lorde John, a clareira dos iguanodontes permaneceria nas nossas recordações como um sonho, de certeza que o pântano dos pterodáctilos ficara como um pesadelo até ao derradeiro dia das nossas vidas. Eis exactamente o que sucedeu.





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