O sítio era sinistro em si mesmo, mas os seus habitantes acrescentavam o horror do espectáculo que nos fez lembrar os sete círculos de Dante. Tratava-se de uma verdadeira colónia de pterodáctilos: podia-se contá-los às centenas. À borda de água o solo pantanoso fervilhava de jovens pterodáctilos, cujas mães hediondas ainda estavam a chocar ovos amarelados cor de couro. Desta massa que se arrastava batendo as asas emanavam não apenas os gritos que tínhamos ouvido, mas ainda um odor mefítico, horrível que nos alanceava o coração. Por cima deste panorama da obscena vida reptilínea, estavam os machos, empoleirados cada qual na sua pedra, grandes, cinzentos, ressequidos, mais parecendo cadáveres do que criaturas vivas; eram imundos; mantinham uma imobilidade perfeita, excepto quando faziam rebolar os olhos vermelhos ou quando estalavam os bicos parecidos com ratoeiras se uma libélula lhes passava ao alcance. As suas asas imensas, membranosas, dobravam-se quando cruzavam os antebraços. Achavam-se sentados como gigantescas velhotas envoltas em xailes cor de palha, cuja cabeça hedionda emergisse deste embrulho.
Grandes ou pequenas, não havia muito menos de um milhar destas criaturas na cuveta.
Os nossos professores teriam passado de boa vontade o dia a contemplá-las, de tal modo estavam arrebatados por aquela ocasião de estudar a vida de uma era pré-histórica.