- Meu Deus!
- Sim, creio que foi assim que o velho Wadley traduziu a sua resposta. Recordo-me das suas lamentações na reunião: «Em cinquenta anos de experiência de relações científicas...» Isto acabou praticamente com ele!
- Nada mais acerca de Challenger?
- Eu, sabe, sou um bacteriologista: vivo debruçado em cima do microscópio que aumenta novecentas vezes, e ser-me-ia difícil dizer que reparo a sério no que vejo a olho nu. Sou um fronteiriço que vagabundeia no bordo extremo do cognoscível e sinto-me completamente desorientado quando abandono o meu microscópio e entro em contacto com vós outros, criaturas de grande porte, rudes e patudas. Estou demasiadamente desligado do mundo para saber as coisas escandalosas; todavia, no decurso de reuniões científicas, ouvi falar de Challenger, porque ele faz parte das celebridades que ninguém tem o direito de ignorar. É tão inteligente como se diz: imagine uma bateria carregada de força e de vitalidade; mas é um altercador, um maníaco mal equilibrado, um homem pouco escrupuloso. Chegou ao ponto de truncar algumas fotografias relativas à sua história da América do Sul.
- Um maníaco, diz o senhor? Que mania em especial?
- Tem milhares, mas a última em data tem a ver com Weissmann e a evolução. Desencadeou um belo alarido em Viena, creio.
- Não pode dar-me pormenores precisos?
- Agora, não, mas existe uma tradução dos debates. Temo-la no escritório. Se quiser passar por lá...
- Sim, é justamente o que eu desejaria.