O Mundo Perdido - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 18 / 286

Tenho de entrevistar esse tipo e preciso de um fio condutor. Seria realmente amável da sua parte se mo arranjasse. Admitindo que não seja demasiado tarde, acompanhá-lo-ei de imediato ao seu gabinete.

Uma meia hora mais tarde encontrava-me sentado no escritório de Tarp Henry, tendo à minha frente um grosso volume aberto no artigo: "Weissmann contra Darwin.» Em subtítulo: "Fogosos protestos em Viena. Debates animados.' Como a minha educação científica foi um tanto precária, era evidentemente incapaz de acompanhar de perto toda a discussão, mas depressa me pareceu que o professor inglês tratara o seu tema de um modo muito agressivo e tinha chocado profundamente os colegas do continente. "Protestos», "Rumores», "Felicitações gerais ao Presidente», tais foram os três primeiros parêntesis que me saltaram aos olhos. Mas o resto pareceu-me tão inteligível como chinês.

- Poderia traduzir-me? - perguntei num tom patético ao meu colaborador ocasional.

- É já uma tradução, vejamos!

- Então terei talvez mais sorte com o original...

- Caramba, para um profano é muito complicado!

- Se, ao menos, eu pudesse descobrir uma boa frase, cheia de sumo, que me comunicasse algo parecido com uma ideia precisa, isso ser-me-ia útil... Ah, repare! Aquela é boa. Creio compreendê-la vagamente. Vou copiá-la. Servir-me-á para apanhar este terrível professor.

- Não posso fazer mais nada por si?

- Sim, por certo! Proponho-me escrever-lhe. Se me autorizasse a redigir a minha carta aqui e dar a sua morada, ficaria criada a atmosfera.

- Para que esse fenómeno venha cá, faça um escândalo e parta a mobília!...





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