O Mundo Perdido - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 214 / 286

Vou, no entanto, descrevê-lo pois tenho a lembrança fresca e um homem pelo menos, o que jazia deitado na erva húmida ao meu lado testemunhará que não menti.

Um espaço largo, bem limpo, estendia-se à nossa frente ao longo de várias centenas de metros: apenas relva verde e fetos baixos à borda do escarpamento. Em torno desta clareira havia um semicírculo de árvores carregadas ramo a ramo de curiosas cabanas de folhagem. Que se imagine uma favela, constituindo cada buraquinho uma casinha. Todas as aberturas das cabanas e os ramos das árvores estavam povoados por uma multidão compacta de homens-macacos que deviam ser, pelo tamanho, as fêmeas e os filhos da tribo. Formavam o pano de fundo deste quadro e fitavam com interesse apaixonado uma cena que nos espantou.

Na relva, próximo da borda do escarpamento, estavam reunidas várias centenas destas criaturas de pêlos vermelhos e compridos. Havia-as com uma altura formidável, mas todas eram horríveis de olhar. Reinava uma certa disciplina entre elas porque nenhuma tentava ultrapassar a linha que formavam. À frente mantinha-se um pequeno grupo de índios com músculos frágeis, cuja pele era de um castanho a puxar para o vermelho; esta pele reluzia ao Sol como bronze bem brunhido. Um homem branco, alto e magro achava-se de pé ao lado deles; tinha cruzado os braços e baixado a cabeça; toda a sua atitude exprimia o horror e o nojo. Sem qualquer dúvida, era a silhueta angulosa do Professor Summerlee.

Em torno deste grupo de prisioneiros havia vários homens-macacos que os guardavam de perto e que tornavam impossível qualquer fuga.





Os capítulos deste livro