- Não. Não. De modo algum. Creio que vou partir.
- Quer tomar alguma coisa? - disse o homenzinho, que acrescentou num tom confidencial: - É sempre assim, hem! E será sempre assim enquanto não formos polígamos. A poligamia é o único meio de resolver o caso.
Desatou a rir como um idiota, enquanto eu me dirigia para a porta.
Encontrava-me já no limiar quando um impulso súbito me dominou: voltei então para junto do meu feliz rival, que olhou de esguelha para a sineta.
- Poderia responder-me a uma pergunta?
- Se for uma pergunta razoável...
- Como é que conseguiu? Procurou um tesouro oculto ou descobriu um polo, ou deu caça a um pirata, ou atravessou a Mancha a pé ou quê? Qual é o brilho da sua aventura?
Encarou-me com uma expressão desesperada no rosto vazio, honesto, bem lavado.
- Não acha que essa pergunta é um pouco pessoal de mais?
- Bem! - exclamei. - Então uma outra pergunta. Quem é o senhor? Qual é a sua profissão?
- Sou o secretário de um homem de leis - respondeu-me. O segundo homem da firma Johnson & Merivale’s, quarenta e um, Chancery Lane.
- Boa noite!
A seguir a isto desapareci, como todos os heróis de coração desfeito, na noite: a mágoa, a raiva e o riso borbulhavam dentro de mim como numa marmita.
Mais uma pequena cena e terminarei. Ontem à noite ceámos todos no apartamento de Lorde John Roxton. Em seguida fumámos como bons amigos e evocámos mais uma vez as nossas aventuras. Era estranho ver num cenário novo aqueles velhos rostos que eu conhecia tão bem.