O Mundo Perdido - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 38 / 286

No entanto juro-lhe que um manuscrito de Shakespeare não seria tratado mais respeitosamente do que esta réplica a partir do momento em que entrou na minha posse. Tome, passe-o página a página e examine-lhe o conteúdo.»

Serviu-se de um charuto e recostou-se na poltrona a fim de fixar-me melhor com os dois olhos ferozmente críticos; aguardava o efeito que o seu documento produziria em mim.

Eu tinha aberto o álbum à espera de uma revelação sensacional, sem poder, aliás, imaginar antecipadamente a sua natureza. Contudo, a primeira página decepcionou-me, porque somente continha o desenho de um homem muito gordo com uma blusa de marinheiro, tendo a legenda: «Jimmy Colver no paquete.» As poucas páginas seguintes estavam consagradas a pequenas ilustrações dos índios e dos seus costumes. Depois, apareceu o retrato de um eclesiástico divertido e corpulento, sentado em frente de um europeu magro e, por baixo, estava escrito a lápis: «Almoço com Fra Cristófero em Rosário.» Estudos de mulheres e de crianças ocupavam outras páginas; a seguir cheguei a uma longa série de desenhos de animais com explicações do género destas: «Lamantim em banco de areia», «Tartarugas e os seus ovos», «Cutia preta debaixo de uma palmeira de Miriti.» A dita cutia parecia-se com um porco. Abri, por fim, uma página dupla cheia de desenhos de sáurios muito desagradáveis com faces alongadas. Como eu não lograsse identificá-los, perguntei ao professor:

- São crocodilos vulgares, não é verdade?

- Aligátores! Aligátores! Não existem praticamente verdadeiros crocodilos na América do Sul. A distinção entre...,





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