- Eu queria dizer com isto que não vi nada de extraordinário, nada neste caderno que justifique o que o senhor disse acerca do seu conteúdo precioso.
Sorriu com uma grande serenidade antes de convidar-me a olhar para a página seguinte.
Mais uma vez foi-me impossível entusiasmar-me. Ocupava toda a página uma paisagem grosseiramente colorida: o género de esboço que serve a um artista de guia e de referência para, um trabalho ulterior mais aprofundado. Um primeiro plano verde-pálido de vegetação espessa, em declive ascendente, e que terminava numa linha de falésias de cor vermelha carregada, com estrias curiosas que lhe davam a aparência de formações basálticas como já tinha visto noutros sítios. Estendiam-se por forma a constituir uma muralha contínua ao fundo. Num ponto havia um pico rochoso piramidal isolado, coroado por uma grande árvore, e que um abismo parecia separar do escarpamento principal. Sobre tudo isto a luz de um céu azul tropical. Uma camada fina de vegetação ornava o cume do escarpamento vermelho.
Na página seguinte exibia-se uma outra reprodução pintada a água da mesma paisagem, mas tomada de muito mais perto: os pormenores destacavam-se nitidamente.
- Então? - perguntou-me o professor.
- É indubitavelmente uma formação curiosa - respondi. - Mas não sou suficientemente geólogo para ficar maravilhado.
- Ficar maravilhado! - repetiu ele. - Mas é único. E incrível. Ninguém na terra tinha alguma vez imaginado uma tal possibilidade. Passe à página seguinte...