O Mundo Perdido - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 40 / 286

Voltei a página; e soltei uma exclamação de surpresa. A toda a altura erguia-se a imagem do animal mais extraordinário que eu jamais vira: dir-se-ia o sonho selvagem de um fumador de ópio, uma visão de delírio... A cabeça assemelhava-se a um pássaro, o corpo ao de um lagarto inchado, a cauda rastejante achava-se guarnecida de picos eriçados e o dorso abaulado estava ornado por uma franja alta de dentes de serra análogos a uma dúzia de papadas de perus dispostas umas atrás das outras. Em frente desta criatura inverosímil estava um ridículo pedacinho de homem, espécie de anão com forma humana, que a contemplava.

- Então, o que pensa disto? - gritou o professor, que esfregou vigorosamente as mãos com ar triunfante. - É monstruoso... grotesco!

- Mas o que é que o levaria a desenhar um animal assim?

- O abuso do gin, acho eu...

- Oh! É a melhor explicação que consegue fornecer, não é verdade?

- Por minha fé, senhor, qual é a sua?

- Com toda a evidência este animal existe. Foi desenhado do natural.

Teria desatado a rir se a perspectiva de um outro empranchamento no corredor não me tivesse constrangido a manter um ar sério.

- Sem dúvida, sem dúvida! - disse no mesmo tom que teria adoptado para zombar de um idiota. - Posso, no entanto, confessar-lhe que esta minúscula silhueta humana me embaraça? Se se tratasse de um índio, poderíamos deduzir que existe uma raça de pigmeus na América, mas ele tem mais ar de um europeu com aquele chapéu de palha...

O professor fungou como um búfalo irritado:

- O senhor está realmente no limite! - disse-me. - Mas alarga o campo das minhas observações. Preguiça cerebral! Inércia mental! Magnífico!





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