O Mundo Perdido - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 6 / 286

Foi a minha vez de saltar na cadeira.

- Por ninguém em particular - explicou, rindo-se da confusão que leu na minha fisionomia. - Apenas por um ideal. Nunca encontrei o homem que poderia personificar esse ideal.

- Diga-me com o que ele se parece. Fale-me dele.

- Oh!, poderia muito bem parecer-se consigo.

- Adoro esta sua frase! Bom, que não farei eu? Pronuncie afoitamente a palavra: será anti-alcoólico, vegetariano, aeronauta, teósofo, super-homem? Se consentisse dar-me uma ideia do que poderia agradar-lhe, Gladys, juro-lhe que me esforçaria por realizá-lo!

A elasticidade do meu temperamento fê-la sorrir.

- Primeiro, não acho que o meu ideal se exprimisse como você. Seria um homem mais duro, mais firme, que não se declararia pronto tão depressa a conformar-se ao capricho de uma jovem. Mas, acima de tudo, seria um homem de acção, capaz de encarar a morte de frente e de não sentir medo dela: um homem que realizaria grandes coisas através de experiências pouco banais. Nunca eu amaria um homem apenas por ser um homem, mas amaria sempre as glórias que ele espalhasse como louros à volta da cabeça, porque tais glórias se reflectiriam em mim. Pense em Richard Burtonlo: Quando leio a vida da sua mulher, compreendo logo que ela o tenha amado! E Lady Stanley! Leu o último e magnífico capítulo do livro sobre o marido? É este o género de homens que uma mulher pode adorar com toda a sua alma, pois é honrada por toda a humanidade como uma inspiradora de actos nobres.





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