Capítulo 6: Capítulo 6
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Como é que eu sei?, perguntam-me. Sei-o porque vi alguns. (Aplausos, algazarra e uma voz: «Mentiroso»). Sou um mentiroso? (Caloroso e ruidoso assentimento gera!.) Ouvi bem alguém chamar-me mentiroso? A pessoa que me chamou mentiroso queira ter a bondade de levantar-se para eu poder conhecê-la! (Uma voz: «Aqui a tem, senhor!» e um homenzinho inofensivo com óculos, que se debatia desesperadamente, foi puxado para cima por um grupo de estudantes.) Foi o senhor quem se aventurou a chamar-me mentiroso? Não, senhor, não!» gritou o acusado que desapareceu como um brinquedo na caixa.) Se na sala se encontra alguém que duvida da minha sinceridade, terei muito prazer em dizer-lhe duas palavras após a conferência. («Mentiroso!») Quem disse isso? (Novamente o homenzinho inofensivo foi erguido nos braços quando procurava mergulhar muito assustado na multidão.) Se descer até junto de vós... (Coro geral: «Vem, vem junto a mim! Vem.» A sessão ficou interrompida durante alguns minutos. O presidente, de pé e agitando os braços, parecia dirigir uma orquestra. O professor, escarlate, com as narinas dilatadas e a barba eriçada, ia visivelmente dar livre curso ao seu humor violento e arrebatado.) Todas as grandes descobertas foram acolhidas com a mesma incredulidade. Quando lhes são expostos grandes feitos, os senhores não têm a intuição nem a imaginação que os ajudariam a compreendê-los. São apenas bons para atirar lama aos homens que arriscam a vida para abrir novas avenidas à ciência. Perseguem os profetas! Galileu, Darwin e eu ... (Aclamações prolongadas e interrupção completa do debate.)
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Páginas: 286
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