O Mundo Perdido - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 66 / 286

Tudo isto é tirado das notas tomadas da altura, mas dão conta muito imperfeitamente do caos absoluto que então reinou. A barulheira era tão assustadora que várias damas haviam já realizado uma retirada prudente. Homens de idade, graves e cheios de unção, gritavam com mais força do que os estudantes. Vi velhotes caquéticos e de barbas brancas ameaçarem com o punho o Professor impávido. A assistência encontrava-se em ebulição. O Professor deu um passo em frente e levantou as duas mãos. Neste homem havia algo de tão forte, de tão imponente, de tão viril, que os gritos se extinguiram. A sua atitude de chefe, os seus olhos dominadores impuseram o silêncio. Parecia ter uma comunicação precisa a fazer e calaram-se para escutá-lo.

- Não os reterei muito tempo - disse ele. - Para quê? A verdade é a verdade e nada a modificará: nem mesmo a algazarra de vários jovens imbecis nem sequer a dos mais ve!hos... aparentemente também estúpidos! Proclamo que abri à ciência uma avenida nova. Os senhores contestam. (Aclamações) Nestas condições vou pô-los à prova. Querem mandatar um de vós, ou dois, ou três, que os representarão e que verificarão em vosso nome as minhas declarações?

Mr. Summerlee, o velho mestre de anatomia comparada, levantou-se; era um homem alto, magro, glacial; assemelhava-se a um teólogo. Declarou que desejava perguntar ao Professor se os resultados a que aludira nas suas observações haviam sido obtidos no decurso de uma viagem feita há dois anos às nascentes do Amazonas.





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