O Mundo Perdido - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 91 / 286

- Não acho! - respondeu Lorde John Roxton, que levantou o papel para a luz. - Não, bebé, é inútil criar ilusões. Deixaria cortar a cabeça em como nunca foi nada escrito nesta folha.

-:- Posso entrar? - grunhiu uma voz proveniente da varanda.

I Tinha-se infiltrado num raio de sol uma silhueta maciça. Aquela voz. Aquela monstruosa largura de ombros! Pusemo-nos todos de pé com um salto: debaixo de um chapéu de palha de criança enfeitado com uma fita multicolor, Challenger em pessoa! Tinha as mãos nas algibeiras do casaco e exibia elegantes sapatos de lona. Atirou a cabeça -para trás: em pleno brilho do astro do dia, apresentava a saudação da sua barba assíria, a insolência das pálpebras pesadas e os olhos implacáveis.

- Receio - disse, enquanto puxava pelo relógio - estar com alguns minutos de atraso. Quando lhes entreguei o sobrescrito não pensava, permitam-me que o confesse, que se interessariam em abri-lo. Com efeito, queria à viva força juntar-me aos senhores antes da hora combinada. O meu atraso malfadado ficou a dever-se a um piloto desastrado e a um inoportuno banco de areia. Terei eu dado ao meu colega, o Professor Summerlee, ocasião para blasfemar?

- Devo dizer-lhe, senhor - declarou Lorde John, com uma certa dureza na voz, - que a sua chegada representa para nós um verdadeiro alívio, porque a nossa missão parecia-nos votada a um fim prematuro. Ainda agora não posso conceber porque é que conduziu este caso de um modo tão extraordinário.

Em vez de responder, o Professor Challenger entrou no salão, apertou as mãos de Lorde John e as minhas, inclinou-se com relativa insolência em frente do Professor Summerlee e afundou-se numa poltrona que se vergou sob o seu peso, gemendo.





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