A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 145 / 524

O facto de as variedades de uma espécie, quando se propagam para a zona de habitação de outras espécies, adquirirem frequentemente, num grau muito ligeiro, alguns caracteres de tais espécies, harmoniza-se com a nossa perspectiva de que as espécies de todos os tipos são apenas variedades bem marca das e permanentes. Assim, as espécies de moluscos que estão confinadas aos mares tropicais e pouco profundos têm em geral uma coloração mais vívida do que aqueles que estão confinados a mares mais frios e profundos. As aves confinadas ao continente têm, segundo o Sr. Gould, uma coloração mais vívida do que as aves insulares. As espécies de insectos confinadas a áreas costeiras, como todo o coleccionador sabe, são amiúde cúpreas ou pálidas. As plantas que vivem exclusivamente no litoral são muito propensas a ter folhas carnosas. Quem acredita na criação de cada espécie, terá de afirmar que este molusco, por exemplo, foi criado com cores vívidas para um mar quente; mas que estoutro molusco ganhou uma coloração vívida por variação, quando se propagou para águas mais quentes ou mais rasas.

Quando uma variação é da mais ligeira utilidade para um ser, não sabemos quanto se deve atribuir à acção acumulativa da selecção natural e quanto às condições de vida. Assim, é do conhecimento geral entre os peleiros que os animais da mesma espécie têm uma pele tanto mais espessa e melhor quanto mais severo é o clima em que viveram; mas quem sabe quanto desta diferença talvez se deva ao facto de os indivíduos com o revestimento mais quente terem sido favorecidos e preservados durante muitas gerações e quanto se deve à acção directa do clima severo? Pois parece que o clima tem alguma acção directa sobre o pêlo dos nossos quadrúpedes domésticos.

Poder-se-ia





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