A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 369 / 524

Podemos assim compreender como novas espécies surgem lenta e sucessivamente; como espécies de classes diferentes não se modificam necessariamente juntas, nem ao mesmo ritmo, nem em grau idêntico; no entanto, que a longo prazo todos sofrem modificação até certo ponto. A extinção de formas antigas é uma consequência quase inevitável da produção de novas formas. Podemos compreender por que razão uma espécie jamais reaparece, uma vez que tenha desaparecido. O crescimento numérico dos grupos de espécies é lento, e persiste durante períodos de tempo desiguais; pois o processo de modificação é necessariamente lento, e depende de muitas contingências complexas. A espécie dominante dos grupos dominantes mais vastos tende a deixar muitos descendentes modificados, e assim formam-se novos subgrupos e grupos. À medida que estes se formam, as espécies dos grupos menos vigorosos, pela sua inferioridade herdada de um progenitor comum, tendem a extinguir-se juntas, não deixando prole modificada à face da Terra. Mas a extinção total de um grupo de espécies pode ser frequentemente um processo muito lento, pela sobrevivência de alguns descendentes, que persistem em locais protegidos e isolados. Quando um grupo desaparece completamente, não reaparece, pois o elo geracional foi quebrado.

Podemos compreender como a propagação das formas de vida dominantes, que são as que mais frequentemente variam, tenderão a longo prazo a popular o mundo com descendentes próximos mas modificados; e estes conseguirão geralmente ocupar os espaços daqueles grupos de espécies que lhes são inferiores na luta pela existência. Portanto, depois de longos intervalos de tempo, as produções do mundo parecerão ter mudado simultaneamente.

Podemos compreender como todas as formas de vida, antigas e recentes, formam conjuntamente um grande sistema; pois todas estão ligadas por geração.





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