Apocalipse - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 30 / 180

O coração humano precisa e torna a precisar de esplendor, magnificência, orgulho, arrogância, glória e soberania. Talvez seja uma necessidade ainda maior do que a necessidade de amor, pelo menos maior do que a necessidade de pão. E todo o grande rei faz de cada homem um pequeno senhor na sua esfera minúscula, enche a imaginação de soberania e esplendor, satisfaz a alma. A coisa mais perigosa do mundo é mostrar ao homem a mesquinhez da sua própria condição de limitado macho. Isso deprime-o, fá-lo mesquinho. Tornamo-nos, por infelicidade, naquilo que julgamos ser. Há muitos anos que os homens se sentem deprimidos, deprimidos até à melancolia, quase até à abjecção, com a sua viril e soberba condição. E não será isso pernicioso? Que os homens façam algo, portanto, contra este estado de coisas.

Um grande santo como Lenine - ou Shelley, ou S. Francisco - só pode gritar anátema!, anátema! ao natural e orgulhoso eu do poder, e tentar destruir deliberadamente tudo quanto é força e tudo quanto é domínio, e deixar o povo pobre, oh, tão pobre! Pobre, pobre, pobre como ele é em todas as nossas democracias modernas, embora não tenha, em parte alguma, a vida tão radicalmente empobrecida como na mais absoluta democracia, e seja qual for o dinheiro de que ele aí disponha.





Os capítulos deste livro