DEZOITO Três é o número das coisas divinas, e quatro é o número da criação. O mundo é um quadrado perfeito, dividido em quatro quadrantes governados por quatro grandes criaturas, as quatro criaturas aladas que rodeiam o trono do Todo-Poderoso. Estas quatro grandes criaturas compõem a totalidade do poderoso espaço que tanto é treva como luz, e as suas asas são a palpitação deste espaço que não para de vibrar com trovejantes louvores ao Criador; porque elas são a Criação que louva o seu Criador, como qualquer Criação louvará para sempre quem a criou. O facto de as suas asas (à letra) estarem cheias de olhos à frente e atrás, só significa que são as estrelas dos palpitantes céus que, para todo o sempre, se hão-de modificar, mover e pulsar. Embora Ezequiel tenha chegado até nós com o seu texto perturbado e mutilado, lá vemos as quatro grandes criaturas no meio das rodas da circunvolução dos céus - concepção que pertence aos séculos VII, VI e V a. C. -, e a suportarem com a ponta das asas a abóbada de cristal do derradeiro céu onde está o trono.
É provável que as Criaturas sejam de mais velha origem que o próprio Deus. Constituem uma muito nobre concepção, com alguns vestígios subjacentes à maior parte das grandes Criaturas aladas do Oriente. Pertencem à última era do cosmo vivo, o cosmo que não foi criado, que ainda não tinha deus por ser, em si mesmo, essencialmente divino e primevo.