Apocalipse - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 5 / 180

Não só foram ministradas grandes doses de Bíblia à minha consciência de criança, dia após dia, ano após ano, a bem ou a mal, pudesse ou não pudesse a minha consciência assimilá-la, como ela me foi explicada dia após dia, ano após ano, de uma forma dogmática e sempre moralizadora, fizessem-no na escola ou no catecismo, em casa, na Band of Hope ou na Christian Endeavour, Tinha sempre a mesma interpretação, quer fosse dada na cátedra por um doutor em teologia, ou pelo latagão de um ferreiro que era meu professor de catecismo. Não só a Bíblia era malhada verbalmente na consciência, como uma infinidade de pés pisa um solo até ele ficar duro, mas as pegadas também eram sempre de mecanismo idêntico e a sua interpretação fixa, ao ponto de perdermos todo o interesse pela sua matéria.

Um tal processo falha sempre o seu objectivo. Enquanto a poesia judaica penetra nas emoções e na imaginação, e a moral judaica penetra nos instintos, a mente obstina-se, resiste e acaba por repudiar a autoridade bíblica no seu conjunto, por se desviar com uma espécie de repugnância de tudo quanto for Bíblia. E este o caso de muitos homens da minha geração.

Acontece que um livro só vive enquanto permanece insondável. Uma vez sondado, morre imediatamente.





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