A Ilha Misteriosa - Cap. 23: CAPÍTULO V Pág. 147 / 186

Pencroff segurava nas rédeas, com a carabina ao lado, e o engenheiro e Spilett, de armas aperradas e prontas a disparar, protegiam os flancos. Iam a uns dois quilómetros do destino, quando, ao fazer uma curva, Pencroff susteve o onagro e soltou um grito de fúria:

- Ah! Os miseráveis!!

Uma espessa coluna de fumo subia do planalto, no local onde tinham construído a capoeira, a cavalariça e tudo o resto...

Subitamente, Nab apareceu-lhes pela frente, a correr esbaforido! Ainda ofegante, contou que os facínoras tinham partido há uma meia hora e que ele, como não sabia que vinham a caminho, ia ao curral dar-lhes conta da situação... Por fim, o valente negro perguntou pelo estado de Harbert; foi só então que repararam que o ferido tinha perdido os sentidos.

De repente, a destruição do planalto, a ameaça à Casa de Granito, a presença dos bandidos na ilha, tudo, enfim, foi relegado para segundo plano. No espírito dos colonos só pesava uma preocupação: o estado de Harbert! Teria algum solavanco reaberto as feridas? Teria ocorrido outra lesão interna? Gedeão Spilett, como "médico de serviço", estava desesperado. Deixaram a carroça à guarda de Nab, que também ficou incumbido de dar uma primeira vista ao planalto, e transportaram o ferido até casa numa padiola improvisada com o colchão e alguns troncos. Aí, Harbert recobrou a consciência e sorriu para os amigos, mas a debilidade era tanta que não conseguiu articular palavra.

Spilett examinou os ferimentos e, embora animado por verificar que cicatrizavam normalmente, não ficou sossegado.

Por que razão havia o jovem piorado daquela maneira? Entretanto, os piratas continuavam afastados da Casa de Granito e das Chaminés, porque provavelmente julgavam aqueles locais bem protegidos e não arriscavam.





Os capítulos deste livro