Pessoa não seria, senão o comportamento do animal era diferente... O repórter, sabendo disso, avançou e afastou os arbustos, descobrindo um farrapo de pano sujo que não teve dificuldade em reconhecer: era feltro de lã tecido na Casa de Granito. Um pedaço da camisa de Ayrton, não havia dúvida! Na cabana, o achado foi favoravelmente interpretado. Ayrton estava vivo. Prisioneiro, era óbvio, mas vivo! Os piratas pretendiam, certamente, sacar-lhe informações acerca do número e dispositivo dos defensores da ilha, mas os colonos tinham como seguro que o ex-desterrado de Tabor não abriria a boca para os trair e que tudo tentaria para se evadir. Se o conseguisse, ignorante de que os companheiros se encontravam no curral, acorreria à Casa de Granito.
As patrulhas do repórter, cada vez mais longe do curral, não voltaram a fornecer mais pistas da presença dos piratas naquela zona. Por onde andariam e que novas malfeitorias estariam a preparar? A resposta não tardou! Top, que apanhara a porta aberta e se escapulira pela madrugada - estava-se a 29 de Novembro -, regressou a meio da manhã dando mostras de grande agitação. Como esfregasse com insistência o focinho nas pernas do dono, este, ao afagar-lhe a cabeça, descobriu um papel dobrado e preso na coleira improvisada. Era um bilhete de Nab! Cyrus leu-o com voz trémula:
"Sexta feira, seis horas. Os piratas estão a invadir o planalto."
Ora a presença dos bandidos só podia significar devastação e pilhagem! Harbert soergueu-se no leito e afirmou categórico:
- Meus amigos, eu quero partir! Sei que posso suportar a viagem. Vamos embora!
O onagro foi rapidamente atrelado à carroça, no fundo da qual estenderam Harbert em cima de um colchão, bem apoiado nos taipais. Estava um dia luminoso, cheio de sol, e a carroça avançava lentamente, com Top a correr e a farejar na dianteira.