A Ilha Misteriosa - Cap. 28: CAPÍTULO X Pág. 180 / 186

Nas semanas que se seguiram, aqueles seis homens trabalharam por vinte, quase sem descanso. Não iam a casa sequer, e dormiam à vez numa tenda montada junto à foz do Mercy, enquanto os outros continuavam a trabalhar no estaleiro à luz das chamas que saíam da cratera.

Os animais da ilha, ferozes ou não, tinham-se refugiado todos na margem oposta do rio, para os lados do pântano dos Tadornos, mas os nossos amigos nem tinham tempo para se preocupar com a relativa vizinhança de jaguares e outros bichos que tais... Para eles, a única coisa que importava agora era o acabamento do costado do barco, para o poderem lançar à água o mais breve possível. Cyrus Smith e Gedeão Spilett subiam diariamente ao planalto para verificar a evolução da situação.

A visão da parte florestada da ilha completamente devastada era desoladora! Pencroff, esse, nem ia ao planalto, confessando-se incapaz de presenciar o estado a que chegara a sua querida ilha. Num desses dias, o repórter fez notar ao amigo:

- Cyrus, você não acha que o vulcão parece acalmar? Se não me engano, a torrente de lava diminuiu...

- Isso já pouco importa... - respondeu Cyrus Smith. - O fogo continua a arder no interior da montanha e o mar pode invadi-la a qualquer momento. A nossa situação é exactamente a mesma dos passageiros de um navio que esteja a ser devorado por um incêndio! Venha daí, Spilett, não percamos mais tempo! Até finais de Fevereiro, a situação manteve-se praticamente inalterável. A maior preocupação de Smith era que alguma da matéria vulcânica expelida pela cratera, rochas e pedras incandescentes, pudesse cair na zona do estaleiro. Foi por essa altura que os colonos começaram a notar vibrações estranhas no solo da ilha... E eles que precisavam ainda de umas três semanas para acabar o casco! Pelo menos o casco, que o resto podia ser terminado a bordo.





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