Iria a ilha aguentar até lá?
- Havemos de conseguir, senhor Cyrus, havemos de conseguir! - repetia Pencroff. - E é tempo de largar, que os ventos do equinócio não tardam aí! Bem, que ao menos possamos chegar à ilha Tabor para passar lá o Inverno... A ilha Tabor depois da nossa bela ilha Lincoln! Ai que desgraça, que desgraça!
- Apressemo-nos - respondia invariavelmente o engenheiro.
Em certa ocasião, Nab perguntou:
- O patrão acha que, se o capitão Nemo fosse vivo, tudo isto podia acontecer?
- Podia sim, Nab - disse Cyrus Smith.
- Pois eu não acredito em tal! - murmurou o marinheiro ao ouvido do negro.
- Nem eu! - concordou este.
Na primeira semana de Março, o monte Franklin sofreu outra alteração... e para pior. A torrente de fogo engrossou subitamente e, tomando outro percurso, começou a dirigir-se para o planalto. Em duas horas, a capoeira, a cavalariça e as culturas tinham desaparecido debaixo da lava.
Outro sinal assustador era a súbita agitação de Top. O cão uivava sem parar, como que pressentindo a proximidade de uma catástrofe ainda maior. Perante tudo isto, os colonos decidiram lançar o barco à água, mesmo inacabado como estava. Pencroff e Ayrton trataram dos preparativos para o lançamento no dia seguinte e foram juntar-se aos companheiros, abrigados na tenda.
Num momento de angústia emocionada, abraçaram-se! Sabiam a vida por um fio e estavam prontos para o desenlace fatal. Nab segurava contra o peito o cofre oferecido pelo capitão Nemo, de que fizera objecto de culto. O dedicado rapaz fora sempre dado a superstições, tendência que os outros, a começar pelo patrão, de há muito tinham desistido de contrariar. Nab fizera questão de trazer o cofre para aquela barraca do estaleiro e só o largava para trabalhar no barco.