A Rosa do Adro - Cap. 9: CAPÍTULO 9 Pág. 82 / 202

Se ela fosse cá como a Rosa, isso sim...

- Sim, se fosse como eu - respondeu Rosa, sorrindo-se - ora o disparate! Nem que eu não fosse uma mulher como as outras.

- Bem sabemos isso; mas é que tu ao menos podes gabar-te de não teres quem te deite água às mãos em boniteza; quanto a ela, Senhor me ajude...

- Ora deixem-se disso! Querem agora divertir-se à minha custa?

- Estás uma brejeira... É verdade: e o filho do Capitão? - perguntou-lhe Antónia.

- Eu sei lá do filho do Capitão! Ora essa... - respondeu Rosa, corando, mau grado seu.

- Então sempre foi verdade vocês largarem o namoro?

- Namoro!... Foi coisa que nunca existiu entre nós - continuou ela, cada vez mais embaraçada.

- Bem sei: vocês andavam já tão agarradinhos que não lhes digo nada.

- Era o que julgavam, mas enganaram-se: aquilo era só para passar o tempo.

- Pois olha: até já se falava em casamento - disse Brízida com um certo ar de ironia.

- Pois eu é que nunca em tal pensei. Se fosse tão rica como ele, então poderia ser...

- Não é tanto assim! Tu é verdade que não és rica, mas também não és para enjeitar: se ele casasse contigo, poderia também gabar-se de levar a flor da aldeia, e, além disso, uma rapariga prendada e boa mulher de casa.

- E a teimarem! Caçoem, caçoem à vontade.

- Não é caçoar; é dizer a verdade. Mas então sempre foi certo acabarem de vez?

- Vai para oito dias que não falamos, e nem temos tenção disso.

- Sim! E porque se assanharam?

- Por nada... Ele entendeu que merecia coisa melhor, e eu conheci que não merecia coisa tão boa.

- Sabes tu? Eu, se fosse a ti, começava outra vez a conversar com o António do Padre; o rapaz, coitado!, depois que o deixaste, anda aí que mete pena.

- Que lhe hei de fazer? A culpa não é minha: não faltam por aí raparigas que o mereçam.





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