- Homem - atalhou o pai com juízo - não fosses tu lá a Prazins embirrar com o brasileiro...
- Eu tenho a minha paixão - objetou o filho com transporte - tinha cá dentro do peito esta navalha de ponta espetada; e ele... Que mal lhe fiz eu para me querer mal?... Sabe você que mais?... Assim como assim, estou perdido...
Saiu arrebatadamente e foi para o monte Córdova conversar com o patarro, um velho celerado que se batera em braga com a cavalaria do casal e pudera salvar-se com o sacrifício de três dedos e do nariz acutilados.
Na semana seguinte, quarta-feira, era o mercado de Famalicão. O regedor tinha comprado duas juntas de bois para o caseiro da retorta, uma quinta solarenga, torreada, com o brasão dos brandões, que o brasileiro comprara a um fidalgo de afife. O negócio deitara a tarde. Simeão saíra ao desfazer da feira com o caseiro da retorta e mais dois lavradores de outra freguesia que montavam éguas andadeiras de muitos brios. O Simeão cavalgava a sua velha ruça, de uma pachorra mansa, invulnerável à espora. Recebia as chibatadas encolhendo os quadris e andando para trás. Ela não podia manifestar de um modo mais sensível a sua repugnância pelas pressas.