Num desses bergantins com pavilhão de colchas vermelhas vinha sentada a irmã do padre roque, mestre de latim, com os seus óculos, a fazer meia; e ao lado dela, vestida de cetim branco e borzeguins vermelhos dourados, com os cabelos soltos, vestida como os anjos da procissão da senhora da burrinha em braga, a marta de Prazins. Ele estava na ponte, absorto na visão da noiva que chegava pelo Cávado para se casar quando um vizinho lhe bateu com o cabo da sachola na janela três pancadas. Saltou da cama atordoado.
Que fugisse pelo quintal que já estavam soldados a entrar nas lamelas com o regedor.
Zeferino ganhou de pronto os desvios de um pinhal, e por detrás de um socalco enxergou o Simeão ao lado do sargento da escolta parar em frente da sua casa e apontar para as janelas. Ouviu bater estrondosas coronhadas no portal, e viu alguns soldados invadirem depois o quintal, e entrarem pela porta da cozinha que ficara aberta. Depois avistou a escolta a retirar-se com dois homens carregados de armas.
O velho alferes, entrevado, estava muito aflito quando o filho entrou. O sargento quisera levar--lhe a sua espada; e compadecera-se dele quando o vira a chorar e a dizer-lhe que era um alferes do antigo exército, e que o deixasse morrer ao lado da sua espada, já que ele não podia defendê-la porque estava tolhido.
O Zeferino perguntou pacificamente:
- E o Simeão que dizia?
- Não dizia nada. Eu é que lhe disse... Arrieiros somos, na estrada andamos, vizinho Simeão.
O pedreiro manteve-se longo tempo sentado com as mãos fincadas na cabeça: olhava para o canto em que tivera duas dúzias de espingardas compradas pelo Cerveira leite, e dizia com resignação contrafeita:
- Elas assim como assim já não serviam de nada... A guerra acabou.