A Brazileira de Prazins - Cap. 21: CAPÍTULO XX Pág. 192 / 202

o seu precioso sangue, depois que para me salvar se humanou, cheia de fé, te mando em virtude do santíssimo nome de jesus, que logo me obedeças e me atormentes levemente, ou fazendo tremer o meu corpo ou lançando-o em terra, deixando-me no meu juízo.

O corpo de marta visivelmente tremia; ela deu o livro ao exorcista com um arremesso impaciente, e murmurou soluçante:

- Deixem-me, deixem-me pelas chagas de cristo!

Frei João sorriu-se, e resmoneou à orelha do Feliciano:

- O maldito serve-se do nome de cristo para me afastar! Eu vou escangalhar-te, satanás!

E lançou mão do gládio das objurgações. As objurgações são perguntas feitas ao diabo, à má cara, e latinamente. Diz, maldito demónio, serpente insidiosa, conheces que existe deus? Conheces que foste criado anjo iluminado de muitas prendas, e que pela tua soberba te perdeste? Sabes que, repulsa do paraíso, perdeste para sempre a graça de deus? Pergunta-lhe afinal, depois de muitas injúrias, se reconhece nele um ministro de deus, e como ousará a não manifestar-se? Quomodo igiturpoteris contra estimulum calcitrare?

O demónio não respondeu ainda; mas o frade ia apertá-lo, mandando que se ajoelhassem todos. Ele então, numa postura seráfica, braços cruzados no peito e olhos no cristo, declamou:

- Veni, sancte spiritus: reple tuorum corda fidelium, et tui amores in eis ignem acende. - pedia ao espírito santo que descesse a encher os corações dos seus fiéis, e abrasá-los no fogo do seu amor. Depois: - dominus vobiscum.

- É de co espirituo - respondeu o Simeão, que sabia ajudar à missa.

Seguiram-se vários oremus e deprecações, e a ladainha da nossa senhora; mais outros oremus, e a detestação da energúmena, uma estirada que





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