- Quer não - contrariava uma lavradeira idosa - foi má mulher que deixou assim os filhos, cinco crianças! Uma desgraça! Nem as cadelas faziam isso. Os mais velhos já se emborracham, e as meninas estão quase mulheres e ainda não foram ao confesso nem sabem a doutrina. Que uma delas, a teresinha, já se enfeitava para o estudante das quintãs que andava por lá feito caçador, e que o morgadinho, o Sr. Heitor, namorava a filha do José alho, e até se dizia que lhe falara em casamento. Vede vós que desgraça, ó raparigas! Um menino tão rico e tão fidalgo, vi-o aqui há tempos na taverna de vila-verde que se não lambia, a pagar vinho ao alho e mais à croia da filha, e a comerem todos iscas de bacalhau com as mãos! Ao que eu vi chegar um senhor dos fidalgos de quadros! Quando eu era rapariguita, aqueles senhores nunca saíam sem os seus mochilas fardados e tinham liteiras com as armas reais pintadas. Faziam mesmo um respeito! O Sr. Rodrigo, pai deste morgado velho, era disto dos governos