A sua mãe tinha sido açafata da apostólica D. Carlota Joaquina, fizera-se mulher do ramalhão, e gabava-se de ter sido amada do conde de vila flor. Quando entrou no vasto e velho casarão de quadros, teve histerismos formidáveis e acordava os ecos das montanhas com gritos que punham terrores sobrenaturais na vizinhança. O Cerveira leite poderia viver abundantemente na corte, porque os seus rendimentos e foros eram muito importantes: é o que D. Honorata lhe pedia com lágrimas; mas ele, colérico: - que não podia encarar os malhados, e não sairia mais de casa sem as suas divisas de tenente-coronel de dragões. E, apontando-lhe para os cinco filhos:
- Sê boa mãe, trata dessas crianças que andam aí porcas que fazem nojo! - tinha estas equidades em jejum.
E ela:
- Mais nojo me fazem as borracheiras de você!
E o fidalgo então disciplinava-a militarmente. Quando lhe não dava alguns pontapés, desfechava-lhe um tiroteio de palavradas de tarimba, e perguntava-
lhe se tinha saudades dos bordéis do ramalhão, aqueles pagodes reais. Desta procacidade esquálida, derivou a um mutismo estúpido. Não lhe respondia. Fechava-se no seu quarto, contíguo à garrafeira.
D. Honorata guião teria vinte e oito anos, quando saiu de lisboa para o Minho em 34. Era formosa das finas graças aristocráticas. Urna elegância nervosa, inquieta, mordiscada de desejos como uma flor branca muito picada das abelhas. Aceitara o major Cerveira, porque era rico e estadeava na corte as suas librés. Tinha trinta anos, e dizia-se que aos quarenta seria general, porque D. Miguel gostava muito dele. Rosnava-se que o Cerveira tinha sido um dos assassinos do marquês de Loulé.
Este rapaz de corte e da intimidade do rei e das infantas, disputado pelas damas da rainha,