lá de lisboa, e quando vinha ver as suas quintas, ó senhores, caía ai o poder do mundo de braga e Guimarães a visitá-lo! E as fidalgas? Isso então a gente, quando as via, corria logo a beijar-lhes a mão, e elas no dia de páscoa mandavam às cachopas lenços para a cabeça e regueifas de pão podre. Aquela casa estava sempre cheia de frades de ordens ricas...
- Isso, isso.., eu logo vi que essas fidalgas tinham de estar cheias de frades de ordens ricas - dizia o José dias de Vilalva. - muito cheias de frades aquelas fidalgas, hem?
- Aí vens tu com as tuas alicantinas - retrucava, prognóstica e solene, a tia rosa de carude.
- É o que tu estudas, meu valdevinos. Agora é melhor que então, pois não foste? As fidalgas de hoje em dia presentemente fogem com os doutores e deixam os filhos... Isto agora é que é bom às direitas, pois não é? No tempo antigo, valha-me deus, as fidalgas eram umas desavergonhadas que conheciam frades e criavam os seus filhos.
- Os filhos dos frades? - perguntava o dias.
- Cala-te aí, boca danada! Olha que padre havia de sair de ti! Ainda bem que a marta de Prazins te fez mudar de rumo.
A fuga da Honorata guião com o silveira dos pombais não amotinara a opinião pública escandalizada. A exceção da austera rosa de carude. Toda a gente deu razão à fidalga. O Cerveira tinha amigas da ralé, que metia em casa - uma diversão à embriaguez, quando não exercia as duas distrações numa promiscuidade desaforada. D. Honorata visitava-se unicamente com a D. Andresa da silveira, da casa dos pombais, irmã de um bacharel delegado em Amarante. Chorava muito com ela e pedia-lhe que perguntasse ao mano doutor se poderia separar-se por justiça, antes de se atirar a uma cisterna. D. Andresa pediu ao irmão que viesse ouvir as tristes alegações da sua desgraçada amiga.