A Brazileira de Prazins - Cap. 8: CAPÍTULO VII Pág. 63 / 202

Animava-o, porém, a ideia de que D. Miguel não tinha fama de sábio, e que a sua carta seria mais verosímil com alguns aleijões gramaticais.

Releu a carta, e acrescentou às vírgulas. Pediu obreia ao munes. Acudiu o padre com uma quadrada, de certa grandeza, vermelha, cuidadosamente recortada.

O envelope ainda não tinha subido até Lanhoso. A sua majestade dobrou em quatro a folha do almaço e sobrescritou - ao conde de quadros, general do exército real.

Nesta ocasião, o Cristóvão bezerra chamou de parte o nunes, falou-lhe em segredo, e terminou em voz alta: for do agrado da sua majestade.

- Eu vou falar a el-rei - disse nunes com satisfatória condescendência.

Acercou-se do outro, com os braços pendentes, os pés juntos, um pouco inclinado, e falou-lhe baixo.

- Sim - respondeu o monarca.

- Está servido, senhor barão - comunicou o secretário, e foi registar no livro das mercês, proferindo em voz alta: sua majestade há por bem nomear sargento-mor das lamelas Zeferino ferreira, em atenção aos serviços do seu pai, o coronel Gaspar ferreira.

- Vá agradecer a el-rei, Sr. Sargento-mor - disse o barão de Bouro ao pedreiro. Zeferino foi ajoelhar, querendo beijar as botas ao homem.

- Levante-se, amigo - disse o príncipe. - aqui tem a resposta da carta do meu amigo Cerveira lobo. É necessário que ninguém veja este sobrescrito. Tome sentido, que ninguém saiba a quem esta carta é dirigida. Vá com deus, e estimarei vê-lo aqui, Sr. Sargento-mor, com outra carta do meu honrado amigo, enquanto não posso abraçá-lo pessoalmente. Adeus a corte saiu em recuanços, dando-se mútuos encontrões para não voltarem as costas à Majestade.

A criada apareceu então esfandegada para pôr a mesa, que estava a ceia pronta, e que o frango com arroz não esperava - que era preciso comê-lo logo que estava feito.





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