A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 170 / 524

a quantidade de diferença entre os machos das aves galináceas, nas quais os caracteres sexuais secundários são bastante evidentes, com a quantidade de diferença entre as suas fêmeas; e reconhecer-se-á a verdade desta proposição. A causa da variabilidade original dos caracteres sexuais secundários não é conhecida; embora possamos ver a razão de estes caracteres não se tornarem tão constantes e uniformes como outras partes da organização; pois os caracteres sexuais secundários foram acumulados por selecção sexual, cuja acção é menos rígida que a da selecção comum, na medida em que não implica a morte, mas apenas faz que os machos menos favorecidos tenham uma prole menor. Seja qual for a causa da variabilidade dos caracteres sexuais secundários, como são muito variáveis, a selecção sexual terá tido uma grande margem de acção, conseguindo facilmente fazer que haja mais diferença nos seus caracteres secundários das espécies do mesmo grupo do que noutras partes da sua estrutura.

É um facto notável as diferenças sexuais secundárias entre os dois sexos da mesma espécie exibirem-se normalmente nas mesmas partes da organização em que diferentes espécies do mesmo género diferem entre si. Darei dois exemplos para ilustrar este facto, os primeiros que por acaso se encontram na minha lista; e como as diferenças nestes casos são de uma natureza muito invulgar, a relação dificilmente poderá ser acidental. O mesmo número de articulações nos tarsos é um carácter em geral comum a muitos grupos vastos de escaravelhos, mas nas Engidae, como observou Westwood, este número varia muitíssimo, diferindo analogamente nos dois sexos da mesma espécie: mais uma vez, nos himenópteros escava dores, a disposição das nervuras nas asas é um carácter da mais elevada importância, porque é comum a grupos vastos; mas em determinados géneros a nervação difere nas diversas espécies, bem como nos dois sexos da mesma espécie.





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