A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 169 / 524

variedades fortemente marcadas e fixas, seria seguramente de esperar que as encontrássemos ainda frequentemente em variação naquelas partes da sua estrutura que variaram há razoavelmente pouco tempo, vindo assim a diferir. Ou, pondo as coisas de outra maneira: chama-se «caracteres genéricos» aos aspectos em que todas as espécies de um género se assemelham entre si e diferem das espécies de outros géneros; e atribuo estes caracteres comuns à herança de um progenitor comum, pois raramente poderá ter acontecido a selecção natural modificar, exactamente da mesma maneira, diversas espécies, adaptadas a hábitos amplamente divergentes em maior ou menor grau; e como estes chamados «caracteres genéricos» foram herdados de um período remoto, desde que as espécies começaram a divergir do progenitor comum, e posteriormente não variaram ou diferiram em grau algum, ou apenas ligeiramente, não é provável que variassem hoje em dia. Por outro lado, chama-se «caracteres específicos» aos aspectos em que as espécies diferem de outras espécies do mesmo género; e tendo estes caracteres específicos variado e diferido dentro do período em que as espécies divergiram de um progenitor comum, é provável que não raro fossem ainda, até certo ponto, variáveis - pelo menos mais variáveis do que aquelas partes da organização que permaneceram constantes durante um longo período.

Farei apenas duas outras observações, em conexão com o tema presente. Penso que não é preciso entrar em detalhes para se reconhecer a grande variabilidade dos caracteres sexuais secundários; além disso, concordar-se-á, segundo creio, que as diferenças entre espécies do mesmo grupo são maiores nos caracteres sexuais secundários do que noutras partes da sua organização; compare-se, por exemplo,





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