A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 263 / 524

CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO

Distinção entre a esterilidade de primeiros cruzamentos e de híbridos - A esterilidade varia em grau, não é universal, é afectada pelo entrecruzamento próximo e eliminada pela domesticação - Leis que regem a esterilidade dos híbridos - A esterilidade não é uma dotação especial, mas subordinada a outras diferenças - Causas da esterilidade dos primeiros cruzamentos e dos híbridos - Paralelismo entre os efeitos das condições de vida modificadas e do cruzamento - A fertilidade das variedades quando cruzadas e da sua prole mista não é universal - Comparação entre os híbridos e os mistos independentemente da sua fertilidade - Resumo.

A perspectiva geralmente adoptada pelos naturalistas é a de que as espécies, quando entrecruzadas, foram especialmente dotadas com a qualidade da esterilidade, de maneira a impedir a confusão de todas as formas orgânicas. Esta perspectiva parece certamente provável à primeira vista, pois as espécies na mesma região dificilmente se teriam mantido distintas se fossem capazes de se cruzar livremente. A importância do facto de os híbridos serem muito geralmente estéreis tem sido, segundo creio, muito subestimada por alguns autores recentes. Segundo a teoria da selecção natural, o caso é especialmente importante, na medida em que a esterilidade dos híbridos não poderia dar-lhes qualquer vantagem, e portanto não poderia ter sido adquirida pela preservação contínua de sucessivos graus de esterilidade vantajosos. Espero, todavia, ser capaz de mostrar que a esterilidade não é uma qualidade especialmente adquirida ou dotada, mas depende de outras diferenças adquiridas.

No tratamento deste assunto, tem-se geralmente confundido duas classes de factos, em grande medida fundamentalmente diferentes entre si; nomeadamente, a esterilidade de duas espécies num primeiro cruzamento e a esterilidade dos híbridos produzidos a partir delas.





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