A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 274 / 524

Foi já observado que o grau de fertilidade, dos primeiros cruzamentos como dos híbridos, oscila entre zero e a perfeita fertilidade. É surpreendente a quantidade de maneiras pelas quais se pode mostrar que esta gradação existe; mas aqui apenas se poderá apresentar um resumo simplicíssimo dos factos. Quando o pólen de uma planta de uma família é colocado no estigma de uma planta de uma família distinta, não exerce maior influência do que igual quantidade de pó inorgânico. A partir deste zero absoluto da fertilidade, o pólen de diferentes espécies do mesmo género aplicado ao estigma de uma dada espécie, gera uma gradação perfeita no número de sementes produzidas, até à quase completa ou mesmo completa fertilidade, e, como vimos, em certos casos anormais, mesmo a um excesso de fertilidade, para lá do qual o pólen da própria planta produzirá. Assim, nos próprios híbridos há alguns que nunca produziram e provavelmente nunca produziriam uma única semente fértil, mesmo com o pólen de uma ou outra progenitora pura: mas em alguns destes casos pode-se detectar um primeiro vestígio de fertilidade no facto de o pólen de uma das espécies progenitor as puras fazer que o híbrido murche mais cedo do que de contrário sucederia; e é bem sabido que o estio lamento precoce da flor é um sinal de fertilização incipiente. Deste grau extremo de esterilidade temos híbridos auto fertilizadores que produzem um número cada vez maior de sementes até à perfeita fertilidade.

Os híbridos de duas espécies que são muito difíceis de cruzar e que raramente produzem prole são em geral muito estéreis; mas o paralelismo entre a dificuldade de fazer um primeiro cruzamento e a esterilidade dos híbridos assim produzidos - duas classes de factos que geralmente se confunde - não é de modo algum estrito.





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