A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 392 / 524

Mesmo neste caso, quão pequena seria a probabilidade de uma semente cair em solo favorável e atingir a maturidade! Mas seria um grande erro argumentar que porque uma ilha bem povoada, como o Reino Unido, não recebeu, tanto quanto se sabe (e seria muito difícil prová-lo), nos últimos séculos, por meios de transporte ocasionais, imigrantes da Europa ou de qualquer outro continente, uma ilha fracamente povoada, embora a maior distância do continente, não receberia colonos por meios semelhantes. Não duvido de que em 20 sementes ou animais transportados para uma ilha, mesmo se muito menos povoada do que as Ilhas Britânicas, pouco mais do que um seria tão bem adaptado ao seu novo ambiente a ponto de se naturalizar. Mas parece-me que este não é um argumento válido contra o que seria realizado por meios de transporte ocasionais, durante o longo intervalo de tempo geológico em que uma ilha é elevada e formada, e antes de estar completamente povoada de habitantes. Numa terra quase nua, com poucos ou nenhuns insectos destrutivos ou aves habitando-a, quase todas as sementes que por acaso aí chegassem seguramente germinariam e sobreviveriam.

Dispersão durante o período glacial. - A identidade de muitas plantas e animais, em cumeeiras, separadas entre si por centenas de milhas de planície, onde as espécies alpinas não poderiam de modo algum existir, é um dos casos mais impressionantes que se conhece de a mesma espécie viver em pontos distantes, sem que haja aparentemente possibilidade de terem migrado de um local para outro. É, na verdade, notável ver tantos exemplares das mesmas plantas viver nas regiões nevadas dos Alpes ou dos Pirenéus e nas partes mais setentrionais da Europa; mas é muito mais notável as plantas nas Montanhas Brancas, nos Estados Unidos da América, serem todas as mesmas que as do Labrador, e quase todas serem as mesmas, como no-lo diz Asa Gray, que as das mais imponentes montanhas da Europa.





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