A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 391 / 524

e diversos outros meios que sem dúvida permanecem por descobrir, se têm mantido em actividade ao longo dos anos, durante séculos e dezenas de milhares de anos, penso que seria um facto maravilhoso se muitas plantas não tivessem sido transportadas até muito longe desta maneira. Chama-se por vezes «acidentais» a estes meios de transporte, mas isto não é estritamente correcto: as correntes marítimas não são acidentais, nem a direcção dos fortes ventos predominantes. Há que observar que quase nenhum meio de transporte levaria sementes a distâncias muito grandes; pois as sementes não retêm a sua vitalidade quando expostas durante muito tempo à acção da água salgada; nem poderiam ser transportadas a grandes distâncias no papo ou intestinos das aves. Estes meios, contudo, seriam suficientes para o transporte ocasional através de extensões marítimas de algumas milhas, ou de ilha para ilha, ou de um continente para uma ilha vizinha, mas não de um continente distante para outro. As floras de continentes distantes não se viriam a misturar de modo algum por estes meios; continuariam tão distintas como hoje vemos que são. As correntes, no seu trajecto, nunca trariam sementes da América do Norte para as Ilhas Britânicas, embora pudessem trazer, e tragam, sementes das Índias Ocidentais para as nossas praias ocidentais, onde, se não forem destruídas por tão longa imersão em água salgada, não poderão resistir ao nosso clima. Quase todos os anos, uma ou duas aves terrestres são arrastadas sobre todo o Oceano Atlântico, desde a América do Norte até às costas ocidentais da Irlanda e da Inglaterra; mas há um único meio pelo qual as sementes poderiam ser transportadas por estes viajantes, nomeadamente, na terra aderente aos seus pés, o que por si mesmo é um acidente raro.




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