A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 40 / 524

Não há a mais leve suspeita, entre quem está familiarizado com o assunto, de que o proprietário de uma ou outra se tenha desviado, em circunstância alguma, do puro-sangue do rebanho do Sr. Bakewell, e no entanto a diferença entre os carneiros que estes dois senhores possuem é tão grande que parecem variedades inteiramente distintas».

Ainda que existam selvagens tão bárbaros a ponto de nunca reflectirem nos caracteres hereditários da prole dos seus animais domésticos, qualquer animal que lhes seja particularmente útil, para qualquer finalidade especial, seria cuidadosamente preservado durante períodos de escassez e outros acidentes, a que os selvagens são tão susceptíveis, e tais animais de qualidade superior deixariam geralmente maior prole do que os inferiores; pelo que, neste caso, ocorreria um tipo de selecção inconsciente. Vemos o valor que mesmo os bárbaros da Tierra del Fuego atribuem aos animais, na prática de em períodos de escassez matarem e devorarem as suas mulheres idosas, como algo menos valioso do que os seus cães.

Nas plantas, o mesmo processo gradual de aperfeiçoamento através da preservação ocasional dos melhores indivíduos, sejam ou não suficientemente distintos para serem classificados à primeira vista como variedades distintas, e tendo-se ou não misturado por cruzamento duas ou mais espécies, ou variedades, pode claramente ser reconhecido no tamanho e beleza acrescidos que hoje observamos nas variedades de amor-perfeito, rosa, pelargónio, dália e outras plantas, quando comparadas com as variedades mais antigas ou com as suas castas antecessoras. Ninguém esperaria obter um amor-perfeito ou dália de primeira qualidade a partir da semente de uma planta selvagem. Ninguém esperaria obter uma pêra suculenta





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