A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 407 / 524

Assim, muitas destas formas errantes, embora ainda visivelmente próximas por hereditariedade das suas irmãs dos hemisférios norte e sul, existem hoje nos seus novos ambientes como variedades bem marca das ou espécies distintas.

É um facto notável, energicamente sublinhado por Hooker no que se refere à América, e por Alph. De Candolle à Austrália, que muitas mais plantas idênticas e formas próximas aparentemente migraram de norte para sul do que na direcção inversa. Observamos, todavia, algumas formas vegetais meridionais nas montanhas do Bornéu e da Abissínia. Suspeito de que esta preponderância da migração de norte para sul se deve à maior extensão de terra no norte e ao facto de as formas setentrionais terem existido no seu próprio ambiente nativo em maior quantidade, tendo consequentemente sido aperfeiçoadas por meio da selecção natural e pela competição, até atingirem um estágio mais elevado de perfeição ou poder dominador do que as formas meridionais. E assim, quando se misturaram durante o período glacial, as formas setentrionais puderam vencer as menos poderosas formas meridionais. Tal como vemos hoje em dia que muitíssimas produções europeias revestem o solo em La Plata, e em menor grau na Austrália, tendo até certo ponto vencido as formas nativas; ao passo que pouquíssimas formas meridionais se naturalizaram em qualquer parte da Europa, embora para aqui se tenha importado de La Plata peles, lã e outros artigos susceptíveis de transportar sementes, em grandes quantidades nos últimos dois ou três séculos, e da Austrália nos últimos 30 ou 40 anos. Algo semelhante tem de ter ocorrido nas montanhas intertropicais: sem dúvida antes do período glacial estas estavam povoadas de formas alpinas endémicas; mas estas cederam em quase todo o lado às formas mais dominantes, geradas nas áreas maiores e áreas de produção mais eficiente no norte.





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