A Origem das Espécies - Cap. 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO Pág. 515 / 524

Embora esteja plenamente convencido da verdade das perspectivas apresentadas neste volume sob a forma de um resumo, de modo nenhum espero convencer os naturalistas experientes cujas mentes estão cheias de uma multidão de factos encarados na totalidade, no decorrer de muitos anos, a partir de uma perspectiva directamente oposta à minha. É tão fácil esconder a nossa ignorância sob expressões como «plano de criação», «unidade de concepção», etc., e pensar que demos uma explicação quando apenas reafirmamos um facto. Qualquer pessoa cuja disposição a leve a atribuir mais peso a dificuldades inexplicadas do que à explicação de certo número de factos rejeitará certamente a minha teoria. Alguns, poucos, naturalistas, dotados de muita flexibilidade mental e que já começaram a duvidar da imutabilidade das espécies, podem ser influenciados por este volume; mas olho confiantemente para o futuro, para os jovens naturalistas que surgem, que serão capazes de ver imparcialmente ambos os lados da questão. Quem quer que seja levado a crer que as espécies são mutáveis fará um bom serviço ao exprimir conscienciosamente a sua convicção; pois só assim se pode remover a carga de preconceitos que pesam sobre este assunto.

Diversos naturalistas ilustres publicaram recentemente a sua crença de que uma multidão de reputadas espécies em cada género não são realmente espécies; mas que outras espécies o são, isto é, que foram independentemente criadas. Parece-me uma estranha conclusão a retirar. Admitem que uma multidão de formas, que até recentemente eles próprios pensavam tratar-se de criações especiais, que ainda são assim consideradas maioritariamente pelos naturalistas, e que consequentemente têm todas as características de uma espécie genuína - admitem que estas foram produzidas por variação, mas recusam alargar a mesma perspectiva a outras formas muito ligeiramente diferentes.





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