A Origem das Espécies - Cap. 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA Pág. 72 / 524

Mas temos nesta matéria indícios melhores do que meros cálculos teóricos, nomeadamente, os numerosos casos regista dos da expansão surpreendentemente rápida de diversos animais em estado de natureza, quando as circunstâncias lhes foram favoráveis durante duas ou três estações consecutivas. Ainda mais surpreendentes são os indícios a partir dos nossos animais domésticos de muitos tipos, que se tornaram selvagens em diversas partes do mundo: se as afirmações acerca do ritmo de expansão, na América do Sul e mais recentemente na Austrália, do gado bovino e cavalos de reprodução lenta não tivessem sido apropriadamente verificadas, seriam absolutamente incríveis. O mesmo sucede com as plantas: poder-se-ia citar casos de introdução de plantas que se tornaram comuns em ilhas inteiras num período inferior a dez anos. Muitas das plantas que hoje são mais numerosas nas vastas planícies de La Plata, cobrindo léguas quadradas de superfície, quase excluindo quaisquer outras plantas, foram introduzidas a partir da Europa; e há plantas que hoje se propagam na Índia, segundo me informou o Dr. Falconer, desde o Cabo Comorim até aos Himalaias, que foram importadas da América desde a descoberta deste continente. Nestes casos, e poder-se-ia dar inúmeros exemplos, ninguém supõe que a fertilidade destes animais ou plantas foi súbita e temporariamente aumentada, em qualquer grau apreciável. A explicação óbvia é que as condições de vida foram muito favoráveis, havendo consequentemente menor destruição de progenitores e crias, tendo quase todas as crias tido a possibilidade de procriar. Nestes casos, o ritmo geométrico de proliferação, cujo resultado nunca deixa de ser surpreendente, simplesmente explica o aumento extraordinariamente rápido e a ampla disseminação das produções naturaliza das nos seus novos ambientes.





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