O número dez é o número natural de urna série. «Por acordo com a natureza é que os Helenos contam até dez e depois recomeçam do princípio.» É este, evidentemente, o número dos dedos das duas mãos. Esta repetição do cinco, que encontramos em toda a natureza, foi urna das coisas que levou os pitagóricos a afirmar que «tudo é número». No Apocalipse, dez é o número «natural» ou completo de urna série. Ao fazerem experiências com calhaus, os pitagóricos descobriram que era possível, com dez, formar um triângulo de 4 + 3 + 2 + 1; e isto deu asas à sua imaginação. - Porém, as dez cabeças ou chifres coroados das duas bestas maléficas de João só representam, por certo, urna série completa de imperadores ou reis, urna vez que os cornos se fizeram um vulgar símbolo de impérios e dos seus senhores. O velho símbolo dos cornos é, naturalmente, o símbolo do poder; na origem, o poder divino dado ao homem pelo cosmo vivo, pelo estrelado dragão verde da vida, mas em especial pelo dragão vivo no interior do corpo que jaz enrolado na base da espinha dorsal e às vezes irrompe, espinha acima, até inundar a fronte de magnificência: os cornos dourados do poder que brotam da testa de Moisés, ou Uréus, a serpente de ouro que surgia entre as sobrancelhas do real faraó do Egipto e é o dragão do indivíduo. Para o comum dos mortais o corno do poder era, porém, o itifalo, o falo, a cornucópia.