O AntiCristo - Cap. 62: Capítulo 62 Pág. 114 / 117

Esse monge, com todos os instintos vingativos de um padre malogrado no corpo, levantou uma rebelião contra a Renascença em Roma... Em vez de compreender, com profundo reconhecimento, o milagre que havia ocorrido: a conquista do cristianismo em sua sede — usou o espetáculo apenas para alimentar seu próprio ódio. O homem religioso pensa apenas em si mesmo. — Lutero viu apenas a corrupção do papado, enquanto exatamente o oposto estava tornando-se visível: a velha corrupção, o peccatum originale (pecado original), o cristianismo já não ocupava mais o trono papal! Em seu lugar havia vida! Havia o triunfo da vida! Havia um grande sim a tudo que é grande, belo e audaz!... E Lutero restabeleceu a Igreja: a atacou... A Renascença — um evento sem sentido, uma grande futilidade! — Ah, esses alemães, quanto já nos custaram! Tornar todas as coisas vãs — sempre foi esse o trabalho dos alemães. — A Reforma; Leibniz; Kant e a assim chamada filosofia alemã; as guerras de “independência”; o Império — sempre um substituto fútil para algo que existia, para algo irrecuperável... Estes alemães, eu confesso, são meus inimigos: desprezo neles toda a sujidade nos valores e nos conceitos, a covardia perante todo sim e não sinceros. Há quase mil anos embaraçam e confundem tudo que seus dedos tocam; têm sobre suas consciências todas as coisas feitas pela metade, feitas nas suas três oitavas partes, de que a Europa está doente — e também pesa sobre suas consciências a mais imunda, incurável e indestrutível espécie de cristianismo — protestantismo... Se a humanidade nunca conseguir livrar-se do cristianismo, os culpados serão os alemães...





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