Madame Bovary - Cap. 12: III Pág. 100 / 382

No entanto, como Charles, a todas as refeições, falava do pequerrucho, em breve começou a pensar nele com mais persistência.

Ela desejava um rapaz; seria forte e moreno, chamar-se-ia Georges; e esta ideia de ter um filho varão era uma espécie de desejo de desforra de rodas as suas frustrações passadas. Um homem, pelo menos, é livre; pode explorar todas as paixões e todas as terras, atravessar os obstáculos, tomar gosto das aventuras mais distantes. Mas uma mulher é continuamente impedida de tudo. Ao mesmo tempo inerte e flexível, tem contra si a de idade da carne juntamente com a força da lei. A sua vontade, como a aba - chapéu preso por um cordão, flutua a todos os ventos; há sempre algum desejo que a arrasta e alguma conveniência que a detém.

Deu à luz num domingo, pelas seis horas da manhã, ao nascer do Sol.

- É uma menina! - disse Charles. Emma voltou a cabeça e desmaiou.

Quase no mesmo instante acorreu a Se Homais e beijou-a, bem como a velha Lefrançois, do Leão de Ouro. O farmacêutico, como homem discreto, apenas lhe dirigiu algumas felicitações provisórias pela porta entreaberta. Quis ver a criança e achou-a bem constituída.

Durante a convalescença, Emma preocupou-se muito com a escolha de um nome para a filha. Em primeiro lugar, passou em revista todos os que tinham terminações italianas, como Clara, Louisa, Amanda, Atala; gostava bastante de Galsuinde, e ainda mais de Yseult ou Léocadie. Charles queria que pusessem a criança o nome da avó; Emma opôs-se a isso. Percorreram o calendário de ponta a ponta e consultaram até os estrangeiros.

- O Sr. Léon - dizia o farmacêutico - com quem eu falei a esse propósito no outro dia, admira-se de que não escolham Madeleine, nome que está actualmente muito na moda.





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