A Ilha Misteriosa - Cap. 2: CAPÍTULO II Pág. 13 / 186

Sem pedir conselho a ninguém, a não ser ao seu coração, Nab atirou-se à água, disposto a atravessar o canal a nado.

Pencroff bem o chamou, mas sem resultado, e Spilett já se dispunha a segui-lo, quando o marinheiro o deteve:

- Espere aí e escute! Se encontrar o patrão, Nab chegará para o socorrer. É que se nos metermos todos neste canal, arriscamo-nos a ser arrastados para o largo pela corrente! Ora, se não me engano, a maré está a baixar... Então, tenhamos paciência, que pela baixa-mar talvez passemos a vau! Entretanto, Nab lutava contra a corrente forte que o obrigava a nadar num sentido oblíquo ao ponto de partida. Meia hora levou ele a atravessar o canal e a chegar à margem oposta. A costa formava nesse ponto uma ampla baía, cortada a sul por um promontório de rochas graníticas, árido e selvagem; para norte, ao contrário, a baía como que arredondava no sentido sudoeste-nordeste, terminando num cabo estreito. À direita, verdejava um maciço de vegetação e ao fundo, no sentido noroeste, para lá do planalto que corria ao longo da costa, um cume coberto de neve resplandecia ao sol. Porém, seria impossível dizer, ainda, se aquela terra era uma ilha ou um continente, embora um geólogo pudesse detectar sem dificuldade a sua origem vulcânica.

Na ilhota, Gedeão Spilett, Pencroff e Harbert tinham seguido as braçadas vigorosas do companheiro e observavam agora atentamente a terra que se erguia diante deles, onde, provavelmente, iriam viver por muitos anos, talvez até morrer, caso ficasse afastada da rota dos navios.

Ao cabo de mais três horas de espera, por volta das dez da manhã, a maré vazia deixava finalmente a descoberto bancos de areia e braços de água pouco profunda. A travessia já não apresentava, pois, qualquer dificuldade, e Spilett e os companheiros, depois de se despirem e colocarem as trouxas da roupa à cabeça, atingiram facilmente o outro lado.





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