A Ilha Misteriosa - Cap. 24: CAPÍTULO VI Pág. 152 / 186

.. Então, Pencroff, já não se lembra que procuramos igualmente o nosso benfeitor?

- Ah! senhor Cyrus, tem toda a razão! - volveu o marinheiro. - Mas quer saber o que eu penso? Só encontraremos esse cavalheiro se ele quiser!

Essa era, no fundo, a opinião de todos eles. A morada do homem desconhecido só podia ser tão misteriosa quanto ele próprio o era!

A 19 de Fevereiro, o pequeno grupo abandonou o litoral e rumou aos contrafortes do vulcão. O plano do engenheiro era o seguinte: aproximar-se do curral e, caso este estivesse ocupado, tomá-lo pela força, de modo a estabelecer aí a base das operações de busca a desenvolver, posteriormente, na área do monte Franklin. O terreno tornava-se cada vez mais acidentado à medida que se aproximavam do sopé da montanha, o que não só o tornava propício a emboscadas, como dificultava bastante a circulação da carroça. Assim sendo, o avanço foi lento e rodeado das maiores precauções. Finalmente, pelas cinco da tarde, avistaram a paliçada do curral. Gedeão Spilett e Pencroff pretenderam atacar imediatamente, mas Cyrus Smith deteve-os:

- Não, meus amigos! Vamos esperar pela noite. Não permitirei que nenhum de nós se exponha inutilmente.

O engenheiro tinha razão. O curral erguia-se numa clareira e até à cerca era terra absolutamente a descoberto, uma autêntica "terra de ninguém". Assim, deixaram passar três horas. A noite tombou e o vento amainou. O silêncio, de tão profundo, era quase assustador; até o cão estava deitado e quieto, sem qualquer sinal de inquietação. Spilett e Pencroff prepararam-se para avançar e Cyrus deu as últimas instruções:

- Não quero imprudências! Lembrem-se que não se trata ainda de assaltar o curral, mas apenas verificar se está, ou não, ocupado!

Os dois intrépidos colonos avançaram silenciosamente até ao portão da paliçada, que estava fechado.





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