Do interior, não chegava um único ruído..., nem sequer um rumor das cabras e dos carneiros perturbava a quietude da noite. O repórter ainda pensou em escalar a vedação, mas lembrou-se da recomendação de Cyrus e desistiu. Voltaram, pois, para junto dos amigos, dando-lhes conta da situação.
- Pois bem, tenho agora a certeza de que os piratas não estão no curral! - disse o engenheiro Smith.
- Por mim, só o poderemos saber depois de entrar na cabana - disse Pencroff.
- Vamos lá então! - comandou Cyrus.
- E a carroça? Fica aqui na floresta? - perguntou Nab.
- De maneira nenhuma! Este carro é o nosso "paiol ambulante" e, além disso, pode servir-nos de abrigo se rebentar tiroteio.
Sem hesitar, os colonos avançaram a coberto da escuridão; o espesso tapete de erva abafava o ruído das rodas do carro.
Chegados à paliçada, Nab ficou a segurar os onagros, enquanto os outros se precipitaram para o portão. Um dos batentes estava aberto!
- Com mil trovões! - praguejou, estupefacto, o marinheiro.
- Ainda agora estava fechado e bem fechado!
Logo a seguir, Harbert exclamou, alarmado:
- Há uma luz lá dentro! Com efeito, um ténue clarão escapava-se da janelinha da cabana. Cyrus susteve o ímpeto dos amigos, que já estavam prontos para arrombar a porta, e espreitou. Sobre a mesa, uma candeia acesa; na cama, um homem deitado. O engenheiro não queria acreditar...
- Ayrton! É o Ayrton!
Entraram todos de rompante! Ayrton, surpreso e assustado, virou-se no leito, tentando levantar-se... Os olhos macerados, e o rosto ferido e inchado mostravam que tinha sido torturado; por outro lado, os pulsos e os tornozelos vincados e com marcas sangrentas indicavam que tinha permanecido amarrado durante longo tempo. Cyrus Smith abraçou o amigo, fortemente emocionado, tal como todos os outros.